
Membros do CIATEN participam do 1º dia de Capacitação Técnica de Controle da Tuberculose nos Presídios
Na manhã desta quarta-feira (29) iniciou a Capacitação Técnica sobre as novas Recomendações para o Controle da Tuberculose nos Presídios. O evento aconteceu por meio de plataforma virtual e reuniu profissionais de saúde do estado do Piauí e de outras regiões do Brasil.
O webinar é uma parceria entre o Centro de Inteligência em Agravos Tropicais Emergentes e Negligenciados (CIATEN), Secretaria de Estado da Saúde e Comitê Estadual de Mobilização Social para o Controle da Tuberculose e Co-infecção TB/HIV.
Participaram do evento o Dr. Kelsen Dantas Eulálio, médico infectologista do Hospital Natan Portela e da Fundação Municipal de Saúde; Naila Juliana Ferreira Araújo, Enfermeira e Coordenadora da Atenção Básica e membro técnico do Comitê CIATEN/TB; Ivone Venâncio, Supervisora de Tuberculose da SESAPI e membro técnico do CIATEN; e Alice Mendes Rodrigues, Enfermeira e coordenadora de Saúde Prisional – SEJUS/PI. Os convidados repassaram aos profissionais as novas orientações e Recomendações do Ministério para o Controle da Tuberculose nos Presídios.
A tuberculose é uma doença permanecente, negligenciada e um problema de saúde pública. Segundo o Dr. Kelsen Dantas Eulálio, a relação doença e homem passa por uma convergência adaptativa. “A tuberculose é um processo adaptativo e que a resposta imunológica do homem foi ao longo do tempo se aperfeiçoando de tal forma que hoje, a maioria dos indivíduos infectados pela tuberculose, tem uma resposta imune mais favorável, de controle de infecção, ou seja, os fenômenos humanitários evoluíram de tal forma que permitiu uma convivência até certo ponto harmoniosa, na maioria das pessoas que tem tuberculose”.
Os presídios brasileiros são locais que favorecem a disseminação da tuberculose, devido a superlotação, baixa incidência solar, desnutrição, uso de álcool e drogas, acesso limitado ao serviço de saúde e doenças como HIV.
Ivone Venâncio destaca a importância do conhecimento sobre tuberculose. “Nós enquanto profissionais de saúde, academia e população privada de liberdade, no contexto dos profissionais, friso a importância do conhecimento da tuberculose da melhor forma, seja ela, mais complexa para o profissional entender como está e como é a conduta terapêutica de tuberculose, a sua clínica até o desfecho. Bem como, a fragilidade de que o caso pode apresentar e de que forma a gente vai conduzir o caso”.
Segundo Ivone Venâncio, Supervisora de Tuberculose da SESAPI, a realidade do sistema prisional do estado do Piauí diferente de algumas regiões do Brasil. “Cada região tem sua descrição e seus determinantes sociais e a gente trabalha com a gestão pública no processo de aceitabilidade. Então, não são todos os gestores que aderiram a Política Nacional Do Sistema Prisional”.
Durante o evento, Ivone também falou sobre do Plano nacional pelo fim da tuberculose e discorreu sobre as estratégias para 2021-2025 enfrentamento da doença para os próximos cinco anos. Segundo a pesquisadora, o plano tem o objetivo de alcançar as metas e compromissos estabelecidos no panorama global para eliminação da tuberculose.
“Estamos tentando trabalhar da melhor forma o componente da tuberculose dentro dessas populações vulneráveis. Às vezes, há uma dificuldade maior de tratamento dos casos dos internos em relação a população geral, isso porque, é muito específico, depende não só de uma secretária voltada para os casos de tuberculose, por isso temos que trabalhar em equipe e de forma multidisciplinar para termos agilidade em relação ao atendimento”, explica Ivone Venâncio.
Segundo Kelsen Dantas Eulálio, o tratamento da tuberculose não é pequeno, dura mais ou menos uns seis meses e requer uma gama de antibióticos. O tratamento e diagnóstico é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde. De acordo com Eulálio, o tratamento é desafio, pois há abandono e uso irregular e errado dos medicamentos, fator que colabora para a resistência do bacilo causador da tuberculose.