RELEASE – Oficina de Proposição de Ações para Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs) na PAS 2026 da SESAPI
A Secretaria de Estado da Saúde do Piauí (SESAPI) realizou, no dia 05 de dezembro, das 8h às 13h, a Oficina de Proposição de Ações de Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs) para subsidiar a construção da Programação Anual de Saúde (PAS) 2026. O encontro ocorreu na sala de aula do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PI) e reuniu técnicos da SESAPI, pesquisadores do Centro de Inteligência em Agravos Tropicais Emergentes e Negligenciados (CIATEN/UFPI) e representantes da Unidade de Vigilância e Atenção à Saúde (DUVAS).
A oficina contou com a presença da diretora da DUVAS, Cristiane Maria Ferraz Damasceno Moura Fé, que reforçou a importância da integração entre vigilância, assistência e produção científica para o fortalecimento das políticas públicas de enfrentamento das DTNs no estado.
A programação começou com a apresentação do Boletim Epidemiológico das Doenças Tropicais Negligenciadas no Piauí, conduzida pelo Prof. Bruno Guedes (DMC/UFPI). O documento reúne séries históricas, indicadores de morbidade e mortalidade e análises territoriais produzidas ao longo dos últimos 23 anos, oferecendo subsídios essenciais para identificar lacunas de resposta, persistência de agravos e desigualdades regionais — elementos centrais para a elaboração da PAS.
Durante a exposição, foram discutidos desafios estaduais relacionados a:
- Tuberculose, marcada por elevada mortalidade em determinadas regiões;
- Dengue, com baixa letalidade, mas forte impacto social;
- Hanseníase, cuja persistência revela incapacidades e descontinuidade assistencial;
- Doença de Chagas, com ampliação da carga de mortalidade e fragilidades na integração vigilância–assistência;
- Acidentes ofídicos, ainda subinvestigados e com lacunas intersetoriais relevantes.
Em seguida, pesquisadores do CIATEN-UFPI apresentaram mapas de evidências científicas desenvolvidos em um projeto financiado pelo Ministério da Saúde e pelo CNPq, sob coordenação dos professores Prof. Dr. Bruno Guedes, Prof. Dr. Fábio Solon, Profª Drª Olivia Dias, Prof. Dr. Márcio Mascarenhas e Profª Drª Lilian Catenacci. Os materiais sintetizam estratégias de prevenção, diagnóstico, manejo e vigilância para quatro grandes temas prioritários:
- Dengue e arboviroses, com ênfase no fortalecimento da vacinação, da vigilância entomológica e da comunicação de risco;
- Doença de Chagas, destacando ações de rastreamento de gestantes, manejo clínico e articulação entre vigilância e atenção à saúde;
- Hanseníase, reunindo evidências sobre rastreamento de contatos, vacinação com BCG, teleconsultorias e implantação de Linhas de Cuidado;
- Acidentes de trânsito, considerando determinantes comportamentais, estruturais e socioambientais que influenciam a morbimortalidade no estado.
As apresentações reforçaram a necessidade de alinhar a PAS às evidências científicas mais recentes, promovendo efetividade nas ações e racionalização de recursos públicos.
A etapa final da programação foi dedicada à construção das ações prioritárias para a Programação Anual de Saúde de 2026, fundamentadas: no boletim epidemiológico (2001–2024); nos mapas de evidências do CIATEN e na identificação participativa das lacunas de resposta da gestão estadual.
As propostas resultantes foram sistematizadas em planilhas contendo problemas prioritários, metas, responsáveis, ações recomendadas e prazos. O material final constitui insumo técnico essencial para o planejamento estratégico da SESAPI e foi estruturado em eixos como:
- vigilância epidemiológica e laboratorial;
- linhas de cuidado e manejo clínico;
- estratégias de educação permanente;
- investigação de óbitos por DTNs;
- fortalecimento da atenção primária em regiões de maior vulnerabilidade;
- comunicação de risco e participação comunitária.
A consolidação dessas ações representa um avanço significativo para o enfrentamento das DTNs, reforçando o compromisso do estado com políticas públicas baseadas em evidências e com foco na equidade em saúde.
O trabalho colaborativo entre SESAPI e CIATEN/UFPI reafirma o compromisso do Piauí com uma saúde pública orientada por dados, vigilância qualificada e políticas efetivas de prevenção e cuidado. A oficina marca um passo decisivo na integração entre ciência, gestão e serviços de saúde, contribuindo para a redução das desigualdades regionais e para o fortalecimento das ações de controle das doenças tropicais negligenciadas no estado.








